+ Notícias da Cultura - mar/2010

Políticas Culturais:


I - Em Brasília:

O Plano Nacional de Cultura (PL 6835/2006) foi aprovado no último dia 16, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos

Deputados. Como tramita em caráter terminativo, segue direto para o Senado. O PL passa pela Comissão de Educação e Cultura, depois pela CCJC do Senado

e, por fim, será encaminhado à sanção presidencial. O texto do relator, deputado Emiliano José (PT-BA), passou em votação unânime da CCJC. A aprovação do Plano

Nacional de Cultura foi uma das prioridades eleitas pelos delegados da II

CNC. A aprovação do Plano Nacional de Cultura foi um das 32 prioridades da II Conferência Nacional de Cultura (II CNC), finalizada no domingo, 14 de março, em Brasília. Desde suas etapas preparatórias, o evento reuniu mais de 220 mil representantes de todo o país para elaborarem estratégias para a política cultural brasileira.

II - No Rio de Janeiro (estado):

A Prefeitura de Petrópolis, através da Fundação de Cultura e Turismo e do Conselho Municipal de Cultura realiza de 22 a 26 de março, no Centro de Cultura Raul de Leoni, o Fórum para a construção participativa do Plano Municipal de Cultura. O Plano Municipal de Cultura, que é realizado em parceria com o Ministério da Cultura e integra o Sistema Nacional de Cultura, tem como principal objetivo desenvolver todo Sistema Municipal de Cultura, para implantar e consolidar, em Petrópolis, uma política de cultura participativa, democrática e inclusiva. Após os cinco dias iniciais de debates, entre os grupos de trabalho referentes ao setor, o Município reunirá os resultados das diversas reuniões para consolidar o documento. O Fórum de debates é o primeiro passo de extrema importância para a elaboração do Plano, pois será construído com a participação popular, a partir de projetos para os diversos segmentos do setor, na cidade, que serão implantados em um período de dez anos. O documento, depois de pronto, será enviado à Câmara de Vereadores para se tornar lei e ser aplicado no município, em um período de 10 anos. A construção do Plano Municipal de Cultura começou a ser planejada durante a Conferência Municipal de Cultura, realizada em outubro do ano passado, onde foram determinadas diretrizes que irão direcionar o município, nessa área, e tem sido discutido nas reuniões do Conselho Municipal de Cultura. “É fundamental a participação popular, pois essa é uma reivindicação de muitos anos. Não há como formular o plano sem a contribuição da sociedade petropolitana e, principalmente, dos atores culturais. É o momento de todos juntos em prol da cultura da cidade”; declarou Marcos Guimarães, presidente do Conselho. “Esse primeiro fórum é um 'embrião' de um fórum permanente, pois cada grupo de trabalho poderá realizar outras reuniões se achar que algumas questões não ficaram bem resolvidas. Por isso o papel da sociedade é tão importante, pois vai definir para onde a cultura de Petrópolis irá caminhar”; disse Charles Rossi, diretor-presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis. Mais informações em http://www.petropolis.rj.gov.br/index.php?url=http%3A//fctp.petropolis.rj.gov.br/fctp/.
 
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Cultura negra brasileira agora em site

O brasileiro Filó Filho e a inglesa Vik Birkbeck há três décadas andam com uma câmera nas mãos, captando imagens de manifestações, depoimentos e qualquer outro evento ligado à cultura negra brasileira. Com olhares diferentes sobre um mesmo foco e com o objetivo de tornar o acervo de fácil acesso ao público, os dois digitalizaram todo o material e criaram o site www.cultne.com.br . São cerca de mil horas de imagens, gravadas originalmente em VHS e disponíveis para visualização e download.

No site é possível encontrar cenas raras, como as visitas de Nelson Mandela e de Desmond Tutu ao Rio de Janeiro, depoimentos de personalidades como Pelé, Abdias do Nascimento, Gilberto Gil, Lélia Gonzales, Paulo Moura, Ruth de Souza, Zezé Motta e Grande Otelo, além da campanha feita para o centenário da Abolição em 1988. Há também registros dos bastidores da gravação do clipe de Michael Jackson, com o Olodum, na Bahia em 1996, registrados por Vik; e do show de James Brown no Rio de Janeiro, em 1988, exibido no programa Radial Filó, apresentado por Filó Filho, na extinta TV Rio, na década de 80.

Nos dias 24, 25 e 26, o ciclo de palestras e debates continua no Cinema Nosso (Rua do Resende, 80 – Lapa), com entrada gratuita. Entre as presenças confirmadas estão, além de Vik (Enúgbarijo Comunicações, que significa “boca coletiva”, em iorubá) e Filó (Cor da Pele Produções), Antônio Pitanga, Zulu Araújo (presidente da Fundação Palmares), Carmen Luz (diretora do Centro Coreográfico) e Ras Adauto (cineasta brasileiro radicado em Berlim, que criou a Enúgbarijo Comunicações com Vik).

No dia 27, o evento será encerrado com a festa Usafricarib, no Estrela da Lapa (Avenida Mem de Sá 69 – Lapa), com ingressos à venda no local. A programação na íntegra está disponível no site www.cultne.com.br . O projeto é uma realização do Celub (Centro de Cultura Urbana) e tem o patrocínio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro.
 
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Opinião:

O rebolar é novo modo de gingar e nova estação...


Fernando Assumpção*



Sábado à tarde, para mim, é o momento mais formoso da semana. E tem acontecido desde o inicio de ano, nessas horas lindas, um encontro de jovens Sambista no Bar Vaca Atolada, na ex-decadente e reformulada, Gomes Freire.

O bar simples tem atendimento atencioso – coisa rara nos dias de hoje: pode-se conversar longamente com o acessível dono e com os afáveis garçons. Apreciar o cardápio, tipicamente mineiro, como a generosa e saborosa e que leva o nome do estabelecimento: vaca atolada, tendo o seu melhor, o preço: por menos de dez reais. Porção de aipim com manteiga de garrafa, polenta frita, também nessa mesma linha, come bem e paga o justo.

O bar é tão bacana que sua Jukebox é feita só com sambas, dos clássicos ao que tem de moderno: da Velha Guarda da Portela, passando por Aniceto do Império, Noel Rosa e Diogo Nogueira. No salão, onde se apresenta os músicos, funciona um ar condicionado que não dá conta, mas que ameniza o calor. Não existe couvert artístico, existe um acréscimo de um real em cada na cerveja e refrigerante, mas de quem consumir. Honesto.

Alem disso tudo, o que vale mesmo o meu deslocamento e mudança de rota no meu dia preferido é a voz de Nina Rosa!

Nina Rosa uma jovem cantora, com uma voz média grave, suave, que se coloca em boas notas, que não perde nenhuma oportunidade e sustenta até o fim definidos tons em um bom samba. Nina é de uma geração moderno-contemporânea, mas, menina esperta que é, sabe que um figurino, um bom vestido estilizado, feito pelas “costureiras da família”, fazem a diferença em uma apresentação de música. Nina está sempre bem vestida, com um acessório no cabelo, uma bijuteria, maquiada ou qualquer coisa que valoriza a sua natural beleza. Hoje, onde as cantoras se apresentam como quem vai à feira ou com vestimentas compradas em lojas de roupas masculinas de rua: Nina surpreende.

Os também, jovens músicos, que acompanham Nina fazem bonito e valorizam a tarde com arranjos comprometidos e sérios. O repertorio circula entre os sambas antigos – mas sem aquela onda de resgate: “vamos tocar a terceira faixa do lado B do ‘As forças da natureza’” – Isso cansa. – e sambas mais “fáceis de cantar”, onde em uma roda as pessoas podem interagir, cantar e transferir-se para aquele momento mágico que se propõem. Buchecha, marido de Nina, simpático de voz grave, excelente, quase um barítono, se coloca a disposição da amada, em duetos de casais sambistas: “Tem que Rebolar” (José Batista e Magno de Oliveira) de Clássico na voz de Dona Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro ou em “Faixa Amarela” (Zeca Pagodinho/Jessé Pai/luiz Carlos/Beto Gago) do divertido Zeca Pagodinho.

A tarde e início de noite acabam e uma sensação de alívio ao peito apertado, de mais um sábado sereno, efetiva-se. Volto pra casa pensando no próximo, que será um sábado de outono: a mais linda estação, onde as noites são limpas e de longe se avista a Lua, e os dias plácidos e amenos.

Serviço: Roda de Samba no Botequim Vaca Atolada, das 15h às 19h
Av. Gomes Freire, 533 - Lapa (Rio de Janeiro)


* Fernando Assumpção está se guardando pra quando o outono chegar e tem esperança em uma nova leva de cantoras.


NOTA: no próximo número, “Gracioso, croquete de milho e galera da Cedae”
 
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Notas:

Quem é de Axé diz que é! : várias entidades civis como o Coletivo de Entidades Negras/CEN, a Rede de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e os órgãos públicos estaduais e federais lançaram esta campanha para que as pessoas ligadas as religiões de matrizes africanas (candomblé e outras) assumam esta condição ao serem pesquisadas pelo censo/IBGE. Segundo as estatísticas o número de adeptos destas religiões é pequeno pois seus membros, escaldados pelos preconceitos e constrangimentos da intolerância reinantes se dizem muitas vezes “católicos” ou “espíritas” (o que seria adequado aos kardecistas, mas não aos candomblecistas) . Além do lançamento da campanha, serão assinados os seguintes convênios: 1- Assinatura do termo de convênio entre SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e SUPERDir - SEASDH ( Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos), para a criação do Centro de Referência para Enfrentamento à Intolerância Religiosa e Promoção dos Direitos Humanos . 2- Assinatura do termo de convênio entre SEPPIR e SUPERDir - SEASDH ( Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos), para a catalogação das peças religiosas afro-brasileiras que se encontram no Museu da Policia Militar do Rio de Janeiro.

“Um museu para a Guanabara – Carlos Lacerda e a criação do Museu da Imagem e do Som (1960-1965” é o novo lançamento da FAPERJ em parceria com a Editora Folha Seca, um trabalho de Claudia Mesquita sobre a história deste grande museu que guarda parte da memória cultural carioca, fluminense e brasileira. Aliás patrimônio cultural que pode correr riscos com a transferência deste acervo para o futuro “Novo” MIS à beira mar, cercado de megalomania e mercadologia (mas ai são outros quinhentos, ou milhões).

 
Fonte: Boletim CPC Aracy de Almeida - Ano 3 - no.60 - 22/03/2010

Att,
Louise Teixeira

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